Assim como qualquer transtorno, TDAH e outros, no autismo clássico ou na forma mais branda do distúrbio, é necessário respeitar as peculiaridades de cada indivíduo para auxiliá-lo da melhor forma.
Seja por meio de “brincadeiras” ou pelo tabu que tem sido atrelado à sua imagem, o Transtorno de Espectro Autista (TEA) é, muitas vezes, alvo de ofensas e comentários pejorativos. O fenômeno tem consequências graves, afinal, além de tornar claro o desconhecimento ou a falta de empatia, causa aos indivíduos do espectro exclusão social e julgamentos frequentes. Definido como um distúrbio de neurodesenvolvimento, o autismo afeta basicamente três áreas: comunicação, socialização e comportamento. E, apesar de ocorrer de forma diferente nas pessoas, mesmo o mais brando dos níveis do quadro ainda é visto como estranhamento por boa parte da sociedade.
Exemplo disso é a condição apontada pelo novo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) como o transtorno do espectro autista leve, mais conhecida como a síndrome de Asperger, caracterizada por sintomas intelectuais e comportamentais de menor gravidade. O fato, entretanto, não é suficiente para incluir as pessoas englobadas nessa classificação em uma realidade diferente e longe dos estereótipos normalmente e erroneamente, atribuídos aos autistas. Em vídeo divulgado nas redes sociais e visto por milhões de pessoas, o garoto colombiano de oito anos Federico Garcia, diagnosticado com Asperger, define a vivência do transtorno e alguns dos termos pelo qual é definido. “Não é uma doença. Não sou louco, nem freak, nem esquisito. Só a minha maneira de receber e processar a informação que é diferente”, desabafa o menino.
O importante é RESPEITAR
Embora muitos indivíduos adotem a síndrome de Asperger como uma maneira de identificação, o termo tem sido utilizado como um critério diagnóstico do autismo e, de acordo com especialistas, sofre com a tendência de cair em desuso após a junção promovida pelo DSM-5.
De acordo com a publicação, referência para os profissionais da área, a atitude foi promovida a fim de um melhor tratamento atual do distúrbio: “os sintomas desses transtornos representam um continuo único de prejuízos com intensidades que vão de leve a grave nos domínios de comunicação social e de comportamentos restritivos e repetitivos em vez de constituir transtornos distintos. Essa mudança foi implementada para melhorar a sensibilidade e a especificidade dos critérios para o diagnóstico de transtorno do espectro autista e para identificar alvos mais focados de tratamento para os prejuízos específicos observados”.
Outra explicação dada para o ato diz respeito a uma melhor distribuição de direitos e benefícios que indivíduos, agora, unidos sob o espectro do autismo, podem reivindicar.
De qualquer maneira, as justificativas não foram bem recebidas por algumas pessoas diagnosticadas com a síndrome, que iniciaram uma luta para serem reconhecidas por suas características como asperges. Entretanto, adequada ou não, a alteração gerou uma discussão sobre o tema e incentivou uma nova abordagem que pode render um aprimoramento do tratamento, além de uma melhor aceitação do distúrbio. Seja como for, adotando autismo, autismo leve, ou Asperger como nomenclatura, o objetivo central de pais, responsáveis ou especialistas com o quadro continua: entender e respeitar as condições do indivíduo de forma a ajuda-lo a evoluir em suas especificidades.
Diferenças FUNDAMENTAIS
Como ficou ainda mais evidenciado com a nomenclatura atualizada do espectro, o autismo manifesta-se em diversos níveis. Em casos mais graves, é possível notar dificuldades de desenvolvimento estruturais que afetam funções valiosas da vida humana. “Alguns indivíduos apresentam alterações severas na comunicação, muitos não desenvolvem a fala e podem demonstrar diferentes problemas de comportamento e socialização”, explica Larissa Helena Zani Santos de Carvalho, psicóloga e mestre em educação especial.
No grau moderado do autismo, a pessoa consegue desenvolver a fala, entretanto, apresenta atrasos na linguagem, como repetição de palavras sem função e inversão pronominal (“você querer água” quando deseja falar que quer água, por exemplo).
Já em indivíduos de grau considerado leve, as alterações são mais brandas. “ Falta de ritmo na fala, insistência em conversar apenas sobre o que lhe interessa e dificuldade para se expressar de forma emocional são algumas manifestações comuns”, aponta especialista.
Considerada uma das formas de diagnóstico mais leves no espectro autista, a síndrome de Asperger – também conhecida como transtorno do espectro autista leve – apresenta sintomas como comportamentos repetitivos, problemas de coordenação ou, até mesmo, interesses e talentos restritos.
Nesse grau de autismo, não há comprometimento severo das habilidades cerebrais e o indivíduo Asperger demonstra, no geral, inteligência dentro ou acima da média. Entretanto, assim como em outros níveis do distúrbio, a dificuldade para estabelecer relações sociais e comunicativas no dia a dia – o que pode levar à exclusão social do autista. – é uma característica presente. “Pessoas com esse diagnóstico apresentam dificuldades em ter empatia, fazer amizades, namorar e desenvolver relações de trabalho”, pontua Larissa.
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Psicopedagoga, Psicanalista Clínica, Palestrante, Bacharel em Administração de Empresas, especialista-BA na área de Atendimento Educacional Especializado, Escritora/poetisa com livro publicado pela Editora Baraúna e CBJE.