Ser – Eis a questão no Transtorno Bipolar
“Ser ou não ser, eis a questão”, talvez Shakespeare tenha acertado em algo que não percebeu quando imortalizou esse pensamento através do seu personagem Hamlet. A forma como nos comportamos nos faz formular um padrão de respostas que julgamos natural ao ser humano. Como o ser humano não nasce com um manual do que é esperado e comum, ele é encarregado, prontamente, de produzir um ou alguns. Seja para se proteger ou para se enquadrar, seguimos produzindo materiais para que o ser humano possa se entender. Existem, assim, alguns registros e mais registros do que já foi comum e do que hoje é considerado “cringe”. Porém uma coisa é certa, ainda é preciso algo para nos dar base e nos dar material para que o indivíduo possa refletir e pensar a respeito.
Por isso buscamos e buscamos tanto conteúdo hoje na Internet. Talvez por isso você esteja aqui, em busca de saber se está dentro ou fora da curva do normal. Bom, abaixo tem informações importantes e que podem te dar uma luz nesse mar de informações, mas preciso te lembrar de que, fomos nós que inventamos a linha do normal, e a inventamos bem estruturada, bem registrada e seriamente analisada, porém, ainda assim tendo sido nós que a inventamos. Sim, é o tipo de frase reflexiva que só faz muito sentido depois de muito estudo, então quando terminar sua busca volte aqui de novo.
Características do Transtorno Bipolar e formas de Ser
Vamos ao que interessa, que são as características do Transtorno Bipolar. Nosso humor pode variar diariamente e até mesmo a cada minuto ou segundo, dependendo das condições externas e internas de cada indivíduo, porém existe um limite (ainda não muito bem definido), daquilo que é normal que varie. O Transtorno Bipolar surge exatamente nessa definição de limite. É normal ter variações intensas de humor em dias ruins, em situações incomuns, ou situações comuns que exigem muita energia emocional para lidar. Porém essas variações quando muito constantes, ou muito intensas pesando tanto para o lado deprimido ou para o lado maníaco, devem ser observadas com mais atenção e estudo.
Assim sendo, o Transtorno Bipolar comporta essa variação de humor, sem causa aparente. Existem episódios deprimidos em que o humor se mostra abaixo da tristeza normal, com pensamentos de morte ou de perda de sentido da vida, (Pensando bem, isso não estaria tão longe assim da nossa linha “normal” atual, mas talvez da nossa linha de aceitação do normal), e do lado oposto existem os momentos de mania, onde o ego da pessoa fica inflado, com a autoestima e produtividade estão no topo do mundo.
Entretanto, imagine você que apenas 3 horas de sono são suficientes para o indivíduo voltar com tudo (parece promissor não é mesmo?) e talvez haja também irritabilidade e até alguns episódios psicóticos (não parece mais tão inofensivo agora, não é mesmo?). Toda essa revolução e energia podem durar até uma semana, mas quem aguentaria mais tempo nesse ritmo? Dessa maneira, o indivíduo pode e geralmente apresenta mais momentos deprimidos do que momentos maníacos, sendo que alguns apresentam vários momentos depressivos até apresentar algum maníaco.
Os Tipos do Transtorno Bipolar
Essa é a definição clássica do Transtorno Bipolar, porém como nem todo mundo que tinha mudanças intensas de humor se enquadrava nessa definição, houve-se uma necessidade de ampliar esse espectro (sim, essas palavras tem sido usada por alguns especialistas nas áreas, de modo não oficializado em manuais), então a definição clássica recebeu o nome de transtorno Bipolar Tipo 1.
Em seguida, ao se ampliar o espectro, é possível enquadrar as pessoas com humor deprimido na maior parte do tempo, a alguns episódios esporádicos de hipomania, que seria uma agitação acima no normal. Todavia, isso não se enquadraria como uma mania, ou seja mais que o normal e menos do que o caricato descrito acima, já que esses indivíduos precisam de mais de bem mais que 3 horas de sono para dominar o mundo com sua energia. Esse seria o Transtorno Bipolar Tipo 2.
Todavia, não é só isso, não mesmo. Existem ainda os sujeitos que não tem episódios intensos nem de depressão nem de mania, mas oscilam, nos períodos de “anormalidade” entre sintomas depressivos e sintomas hipomaníacos, mas não são sintomas suficientes para um diagnóstico e na verdade não demoram muito sentindo isso, sendo a constância que os faz pertencer a essa categoria do transtorno Bipolar Ciclotímico.
Conclusão
Dessa forma, o Transtorno Bipolar não tem um diagnóstico fácil, e não à toa pode ser confundido com a depressão maior, por conta dessa gama de momentos deprimidos. Porém, se a pessoa Bipolar for tratada como deprimida, no quesito medicamentoso, a situação pode piorar devido a reação natural de aumento do humor da medicação. Pense que a pessoa já tem tendência a algum episódio maníaco, e ainda toma medicação que ajuda a aumentar o humor… É a receita para o fracasso terapêutico e aumento dos quadros maníacos. Quanto ao tratamento, existe tratamento psicoterápico e farmacêutico e ambos são oportunos. E, por fim, sobre a curiosidade número um, a respeito de sua origem, existem bases genéticas sobre isso, embora os estudos caminhem na direção desta importante descoberta.
O mais importante é que você se conheça o suficiente para saber a sua linha do que é o seu normal, para assim ver o quanto você foge a ela, e para constatar se a sua fuga se enquadra na fuga de outros.
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Psicopedagoga, Psicanalista Clínica, Palestrante, Bacharel em Administração de Empresas, especialista-BA na área de Atendimento Educacional Especializado, Escritora/poetisa com livro publicado pela Editora Baraúna e CBJE.