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Ilusão da Matrix Moderna: Redes Sociais e a Simulação da Realidade
A Matrix Moderna – Real e Ilusão
Real e irreal não são irredutíveis, irreconciliáveis e mutuamente exclusivos como aparentam. Àquilo que o ser humano interpreta é real para ele, à medida que este o tome como o tal, mediante as influências emocionais e externas que lhe afetem, ainda que parta de uma decisão ou escolha deste. Por isso, a maioria das pessoas confundem real e irreal, e utilizam as redes sociais como uma extensão da realidade, quando esta é apenas um subproduto de ilusão, projetada para causar esse tipo de percepção em quem a utiliza, visando o lucro de quem a projeta.
Assim sendo, este artigo visa uma conscientização nesse sentido. Portanto, não é proposto aqui que uma pessoa pare de usar uma ferramenta facilitadora e prática como uma rede social, somente pelo entendimento de que existem pessoas tentando se aproveitar da psique humana. Pelo contrário, este artigo propõe que – a partir desse conhecimento – a pessoa aprenda a “surfar na Matrix moderna”, adotando condutas deliberadas de utilização responsável que impliquem ao ser humano tirar o máximo proveito de uma ferramenta cibernética, e não ser tomado por ela a ponto de perder a própria identidade.
Superando A Ilusão – Parte 1
Aparências são manifestações de coisas reais que são mais ou menos o que parecem ser. Assim era a Matrix do filme de 1999, assim é a vida em 2025. Não é estranho que uma pessoa fique absorvida pelo uso das redes e se vicie nela, se este nem sequer reflete sobre o seu respectivo uso, e simplesmente aceita a realidade como ela se apresenta diante dele… isso é a lógica por traz do lucro. Todavia, tal lógica perpetua a ignorância prevalente, e seria mais razoável que uma pessoa que use as redes entenda plenamente os riscos de usar redes socias, e isso se resume a um ideal geral fundamental: conhecimento.
Dito de outra forma, as redes socias, além de provocarem ilusão, perpetuam a ignorância, o que culmina em uma permanência dos valores sociais atuais, que vão de encontro – cada vez mais – a impessoalidade e seu consequente caos. Pelo menos, é preciso ter consciência disso, para que a pessoa consiga preservar sua autonomia e seu senso crítico, ainda que precise surfar na ilusão de uma sociedade mergulhada no efêmero. Este artigo, nesse sentido, é uma gota de conhecimento no oceano mais raso do mundo.
Superando a Ilusão – Parte 2
Como supracitado, real e irreal não são absolutamente duais, e então, portanto, podem confundir-se mediante a percepção de quem apreende uma situação ou fenômeno. Independentemente de onde venham, os sinais elétricos interpretados pelo cérebro serão interpretados como a realidade. Sendo assim, como então superar a ilusão? Refletir, deliberar, questionar, ter uma visão ampla… essas são as bases, as premissa básicas, para preservar a lucidez, algo que se aproxima daquilo que é mais fidedigno a alguma coisa e – portanto – daquilo que é real.
Diferentemente do filme Matrix, onde os personagens estão vivendo uma realidade simulada presumivelmente indistinguível da realidade objetiva (ainda que com inconsistências de ordem metafísica), as redes sociais tem margem para distinção, e assim sendo, entender a função que ela assume quando ‘você’ está deliberadamente desfrutando da ilusão é vital para não cair na armadilha do vício. Relações em redes são apenas um vislumbre do todo, sem o palpável, sem o encontro genuíno, e com frequência até representam o inverídico, embora nem sempre.
Um Antídoto: Despertar Autêntico Pelo Mundo – Parte 1
O filme Matrix passa sua narrativa quase inteira mostrando – através de estímulos predominantemente visuais e auditivos refinados pra época – que real e irreal eram praticamente distintos de forma ampla, até uma das cenas finais (Alerta de Spoiler) onde ocorre uma espécie de desconstrução de narrativa. O Agente Smith consegue derrotar e matar Neo dentro da Matrix, algo que significaria a morte dele também no mundo real, já que – segundo a premissa do filme – o cérebro entende a Matrix como real, mesmo que Neo entenda que está na Matrix. Poeticamente (ou não) Trinity consegue fazê-lo reviver – a partir do mundo real – com um beijo, revivendo-o em ambos os mundos, completando assim o ciclo do escolhido.
Mas então o que é a desconstrução da narrativa? Primeiramente, se Trinity é capaz de reviver Neo no mundo real com um beijo (em ambos os mundos), mundo real e Matrix não podem ser totalmente intercambiáveis, e não poderia ser possível que Neo revivesse após morrer em qualquer um os mundos… a menos que ambas não sejam tão duais assim, tendo em vista o enredo à que o filme se propõe. Partindo dessa premissa, é possível afirmar que se um indivíduo dentro da Matrix pudesse entender a verdade de forma profunda como Neo, não só ele poderia para as balas de uma arma, como poderia transcender vida e morte dentro da configuração de uma ilusão.
Um Antídoto: Despertar Autêntico Pelo Mundo – Parte 2
Mas então, o que isso tem a ver com a cotidianidade e nossas vidas nas redes sociais? Simples: Se Neo despertou da ilusão e conseguiu – a partir dela -transcender e entender todos os aspectos da Matrix, mesmo quando entra lá, fica claro que, para além do amor de Trinity, o que garante a Neo tal prerrogativa é o “Conhece a ti mesmo”, a compreensão plena do mundo e da sua existência nele e por ele. Ao usar as redes sociais, é preciso entender como este uso pode te afetar emocionalmente, cognitivamente, e como isso pode se relacionar com um hipotético sentimento de vazio e/ou falta que potencializem seu uso… conhecimento pleno de como o próprio ser existe, com intencionalidade e potencialidades supremas dentro de um mundo findado na mediocridade.
Assim sendo, se configura o despertar autêntico, a partir da atitude existencial, escolhas que deixam uma marca significativa para si e para o mundo. Responder, portanto, às situações que se apresentam, e não tão somente reagir a tudo sem critério nenhum. Dessa forma, conhecimento e ação se alinham, e com isso, nenhuma prerrogativa conformista ou totalitária absorve o ser, onde quer que ele esteja. Com essa compressão, o ser humano consegue entrar na Matrix (redes sociais) de vez em quando, sem ser absorvida pelos seus algoritmos tendenciosos.
Ilusão Superada – Conclusão
Por fim, é importante salientar que o ser humano não é totalmente livre em sua vida. Existem os condicionantes biológicos, psicológicos e sociológicos, e isso é claro. Todavia, não é preciso que a mente humana se sujeite à mais condicionantes ainda, configurados como uma prisão que não se possa ver, sentir ou tocar, ou pior, deliberar. Para isso, é preciso construir bons valores, disseminar conhecimento, e realizar propósitos de uma forma destituída de egocentrismo. Sem isso, é fácil se perder horas assistindo Reels, e se dar conta, 10 anos depois, de que o tempo não volta para ser aproveitado.
Valores são possibilidades de realizar sentido, e tudo isso é preservado quando a própria autonomia humana é elevada. Se para o cérebro é fácil confundir real e irreal, fidedigno ou ilusório, ao menos é fundamental que o espírito humano, no íntimo, procure sempre a diferença.
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Psicólogo | CRP 03/30093 | Formado pela Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF | Escrevo sobre os mais diversos assuntos relacionados a saúde mental, a partir de duas abordagens: Terapia Cognitivo-comportamental (TCC) e Logoterapia.